Era assim que te escrevia
com as unhas partidas
e a pele retraçada pelo atrito
procurava
um peixe ou uma luz
para voar ou para cegar
ou melhor
para explodir
como um vulcão
que apodrece por dentro
o fogo esquecido
o tempo por incendiar
era assim
que saía de casa
para o mundo
as mãos rotas
os bolsos descosidos
o olhar turvo
e nos pulmões
a tua grande sombra.
Carlos Ramos
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